Review “Verity”

Arrepiante - é a palavra que melhor descreve este livro, da primeira à última página.

Lowen é uma jovem escritora falida, que vive numa cidade onde não pertence e, que acabou de perder a mãe, com quem não tinha a melhor relação.

Depois de semanas fechada em casa, sai pela primeira vez para uma reunião com o seu agente (Corey) e com a editora Pantem Press, que talvez a ajude a livrar dos problemas financeiros com que vive – como a ordem de despejo que lhe decora a porta de casa.

E se ter de se encontrar com o agente literário com quem se envolveu durante dois anos era mau… imaginem presenciar um atropelamento ainda antes de conseguir chegar à reunião.

Ainda assim, nem tudo é negativo, pelo menos cruzou-se com um homem incrivelmente bonito e educado que a ajudou a recuperar do choque – o Jeremy.

E qual é o seu espanto, quando o volta a encontrar na reunião.

Afinal, ele é o marido da autora cuja série a Lowen irá terminar.

Não que a oferta lhe interesse, porque Lowen prefere manter-se incógnita e não suporta a ideia de realizar viagens de promoção de livros, nem tão pouco de participar em conferências de imprensa. Mas ser coautora da série, da autora de sucesso Verity Crawford, poderá ser a ajuda financeira de que precisa desesperadamente.  

Verity teve um acidente grave de carro, ao embater numa árvore e, está incapacitada física e psicologicamente, segredo e razão pela qual Lowen foi contratada.

Mas para dar continuidade à série, é preciso que Lowen passe algum tempo no seu escritório, a planear os próximos três livros que a completam. Assim, Lowen aceita o trabalho e muda-se temporariamente para a residência do casal.

E é aqui, que vai descobrindo aos poucos, mais segredos desta família estranha, que já perdeu duas filhas, de forma acidental: uma devido a uma reação alérgica e outra por afogamento, no lago que se encontra nas traseiras da casa.

Durante a sua pesquisa de informação para os livros seguintes, Lowen depara-se com um manuscrito denominado “Que Assim Seja”, uma autobiografia que irá mudar todo o rumo da história. Mais do que uma vez! Afinal, a Verity é crónica ou maléfica e obcecada?

Isso e o facto de Crew, o filho de 5 anos do casal, acenar para a janela do quarto da Verity, quando ela não é sequer capaz de se mexer; ou de deixar escapar coisas que a mãe lhe diz, quando ela não consegue falar.

Nada disto faz sentido, porque Verity está deitada numa cama, com lesões tão graves que precisa de uma enfermeira para fazer o que quer que seja.

O seu cérebro equivale ao de um bebé.

Até ao momento em que a própria Lowen a vê de pé. Ou estará apenas a imaginar coisas? A ser consumida pelo que lê manuscrito? Ou pela culpa de se ter envolvido romanticamente com Jeremy, quando ele ainda é casado?

Sete meses depois de Verity morrer durante o sono, é preciso voltar à casa para a esvaziar antes de a vender. É nessa altura que Lowen encontra uma carta escondida no quarto onde tudo aconteceu.

“(…) Encosto-me na cadeira, fitando a carta, como se fosse uma arma que detém o poder de destruir a vida que construí recentemente com o Jeremy (…)” (pág. 588).

Esta foi a primeira vez que li Colleen Hoover e confesso que achei viciante.  

Ainda que o final do livro tenha ficado em aberto, acho que posso dizer que tenho as minhas conclusões bem estabelecidas: há personagens que sabem mais do que dizem e utilizam a informação para manipular o dia a dia como querem.

Na verdade, acho irónico o título da série de Verity - “As Virtudes Nobres”, onde cada livro fala sobre uma virtude diferente. Mas mais irónico ainda, é que Lowen escreveu sobre “(…) a Coragem, a Verdade e a Honra (…)” (pág. 112).

Curiosos? Espero que sim, até porque a Netflix vai estrear o filme em outubro do próximo ano.

Até lá, acho mesmo que deviam ler o livro.

Boas leituras!

⭐️⭐️⭐️⭐️

• Jéssica Filipa Santos