Review “O Segredo do n.º9”
- jessicafilipasantos

- 11 de ago.
- 3 min de leitura
Tom e Saffy são um casal de 24 anos, à espera de um bebé, que herda uma pequena casa de campo, em Beggars Nook. E tudo pare correr bem, até começarem as remodelações e… serem encontrados dois corpos no jardim.
Sabemos que as vítimas são um homem e uma mulher, entre os 30 e os 45 anos, e que ela morreu com uma pancada na cabeça.
Claro está, que os agentes vão querer falar com todas as pessoas que ali viveram entre 1970 e 1990.
Isto significa que será necessário falar com Rose Grey, a avó de Saffy, que se encontra num lar, perdida entre memórias e vazios devido ao Alzheimer.
A partir daqui todo o cenário ganha contornos mais sombrios.
Theo é um rapaz de coração bondoso, cozinheiro por paixão, ainda que o pai quisesse que ele se tivesse tornado médico – o pai, Victor, com quem nunca conseguiu ter uma boa relação devido à sua forma de ser fria e arrogante. E depois da mãe falecer, tudo ficou pior.
Mas ainda assim, Theo continua a visitá-lo semanalmente para lhe levar comida. Até ao dia em que encontra um recorte de jornal, onde aparece a fotografia de Tom e Saffy, na casa de Skeleton Place. Os seus nomes estão sublinhados a vermelho, assim como o de Rose Grey. Mas mais estranho do que isso é que, por baixo do artigo, está escrito “Encontra-a”.
Lorna, a mãe de Saffy, é uma mulher de espírito livre, que nunca assentou em lugar algum e por isso, vive agora em Espanha. Mas com este acontecimento macabro, decide ir passar uns dias com a filha.
Não que goste propriamente de sítios pequenos e sem animação como aquela aldeia, mas a filha precisa de si. E desde o momento em que chega, que é invadida por memórias rápidas e estranhas, que por vezes confunde com sensações que desconhece – afinal, deveria ter apenas 3 anos quando ali viveu - e que, lhe fogem como “as sementes de um dente-de-leão levadas pela brisa” (pág. 107).
Entre passagens antigas de uma carta-diário, conhecemos a história de Rose Grey (que foge com a filha pequena, de um homem violento e perigoso) e Daphne Hartall (que esconde o seu passado e a sua identidade).
E as passagens atuais, revelam-nos segredos antigos, tornando a história mais e mais cativante. Principalmente quando ficamos a saber que uma das vítimas encontradas no jardim, faleceu na altura em que a doce Rose lá vivia. Um jornalista de investigação pode ser um problema quando queremos muito guardar um segredo…
Este tem de ser um dos livros que mais me cativou este ano – um daqueles exemplos em que fiquei literalmente de boca aberta com algumas revelações. E acreditem, pensei em inúmeras teorias durante esta leitura, mas o capítulo 49 é deliciosamente desconcertante.
Entre memórias reprimidas e formas de amor retorcidas, todas as personagens se cruzam em algum ponto da história.
E não se deixem enganar, os crimes são vários, não apenas o da história principal.
Ainda que fiquemos a conhecer a perspetiva de várias personagens, só Saffy, Rose e Daphne nos falam na primeira pessoa.
E o que têm para nos contar sobre o Nº9, são segredos que vão mexer com os vossos nervos. As mentes distorcidas podem ser assustadoras. E os pactos feitos para silenciar o passado também.
Consigo convencer-vos a ler?
⭐️⭐️⭐️⭐️
Jéssica Filipa Santos


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